Quais são as vocações de hoje?
1.1. Introdução: Observações e advertências sobre a vocação humana, cristã e específica.
1) A vocação humana, cristã e específica: não são três vocações, mas três dimensões da vocação de uma mesma pessoa.
2) Estas três dimensões não devem ser pensadas como sobrepostas (uma em cima da outra), nem como três etapas, uma após outra, mas como três aspectos, três dimensões, de uma mesma vocação.
Assim: teoricamente: são três vocações distintas.
3) Feitas estas observações e advertências, podemos agora falar:
A: Da dimensão humana ou antropológica da vocação (ou vocação humana).
B: Da dimensão cristã e eclesial (ou vocação cristã e eclesial).
C: Da dimensão específica, isto é, carismática e pessoal da vocação (ou vocação).
1.2. A: Da dimensão humana ou antropológica da vocação (ou vocação humana).
1) Deus “chama as coisas à existência” (Rm 4,17).
2) Deus chama o homem à existência: “Façamos o homem” (Gn 1,26).
3) Deus chama o homem à comunhão inter-pessoal.
4) Deus chama o homem a uma vocação superior: à comunhão de vida com Ele (veja GS).
1.3. B: Da dimensão cristã e eclesial (ou vocação cristã e eclesial).
1) Vocação a ser “cristão”.
- Veja as cartas de S. Paulo Apóstolo;
- Veja LG 32: a dignidade do cristão;
- Veja LG 33: vocação do cristão a ser em Cristo, sacerdote, profeta e rei (pastor);
- Veja João Paulo II: Redemptor Hominis 19-20.
2) Vocação a ser “Igreja”; “Igreja”, a ser “Povo”, a ser “comunidade”. (Ec-clesia: con-vocação).
3) A vocação cristã comum tem sempre também a sua “encarnação” numa pessoa concreta, por isso, tem sempre uma feição pessoal ou particular em cada cristão. Esta vocação cristã pessoal se realiza na maioria dos casos no âmbito do matrimônio com a missão procriadora e humanizadora.
4) Toda a vocação cristã tem também a dimensão apostólica: para isso veja sobretudo AA no 2-3, onde o Concílio diz que o Batismo e a Crisma, por si mesmos, são uma “delegação” de Cristo para o apostolado.
1.4. C: Da dimensão específica da vocação (ou vocações específicas ou Dimensão carismática e pessoal da vocação) A vocação cristã é uma só e única. Mas, cada cristão individual deve (é chamado a), realizá-la a seu modo, de forma pessoal. E fará isso, realizando-a segundo e a partir de seus próprios “dons” (em grego: “xarisma”). De fato, cada pessoa é única, irrepetível. E isso, por três motivos:
- Pela diversidade de aptidões e qualidades pessoais de cada um;
- Pela diversidade de circunstâncias em que cada um vive;
- Mas, sobretudo, pelos “dons especiais” isto é, pelos “Carismas” que o Espírito Santo distribui como que a cada um, um por um, dos cristãos. Praticamente: são uma única vocação com três dimensões (aspectos, feições, específica).
- Social: família, amizade, coleguismo, comunidade.
- Política: buscando-se o bem comum de um modo organizado. 10-22, sobretudo no 22.
Doutrina do Vaticano II sobre os Carismas
O Espírito Santo:
a) Santifica (santidade ontológica)
b) Conduz e orna de virtudes (santidade dinâmica) o Povo de Deus através:
- Dos sacramentos;
- Dos ministérios;
- Dos dons (ou carismas).
2) O que são os carismas: São graças, são capacitações.
3) Quem os recebe: Todos e cada um dos fiéis, (1Cor 12,1), de qualquer classe.
4) Finalidade: Os carismas são dados pelo Espírito Santo aos fiéis, a fim de torná-los aptos (capazes) e prontos (dispostos) a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a renovação e crescimento da Igreja, conforme estas palavras: “A cada um é dada a manifestação do Espírito para a utilidade comum” (1Cor 12,7).
5) Beneficiado: Não é o indivíduo que os recebe, mas a comunidade, a Igreja. Pois os dons “são apropriados e úteis às necessidades da Igreja.
6) Distinção de carismas:
Os carismas podem ser:
- Ou comuns, simples, amplamente difundidos;
- Ou extraordinários, eminentes, menos difundidos.
7) Parecer ou juízo: Cabe aos que governam a Igreja dar o parecer da autenticidade dos carismas e do seu uso organizado. Aplicação da doutrina dos Carismas à Pastoral Vocacional. Assim, a doutrina sobre os carismas é a base de toda a pastoral vocacional. A pastoral vocacional tem por objetivo ajudar o cristão a descobrir qual o carisma que Deus deu a cada um, qual a vocação especial a que Deus o chamou. Esquema de vocações. A partir desta verdade sobre os carismas, podemos tentar organizar o seguinte esquema:
I – Vocação aos ministérios em sentido amplo, de forma espontânea, não institucionalizados, temporários, provisórios, ocasionais.
Exceção, é chamado a se colocar a si mesmo a serviço seja da comunidade eclesial, seja de em conseqüência da doutrina sobre os carismas, pode-se dizer que cada cristão, sem todo aquele que necessitar, “próximo” ou “inimigo”.
Exemplo, as obras de misericórdia, etc. Amplo, de forma espontânea, não institucionalização. Bem-estar, mas é responsável também pela difusão de sua fé e do bem-estar em favor dos irmãos. Favor de cada um.
Neste sentido, cada cristão é chamado a exercer um “ministério”, ao menos em sentido. Assim, todo o cristão é responsável não só pela conservação de sua fé e de seu. E aqui se baseia a co-responsabilidade de cada um em favor de todos, e de todos em. Esta é a base dos “ministérios em sentido estrito”, ou “ministérios comuns”.
II – Vocação aos Ministérios comuns.
1. O que são os “ministérios comuns”.
Ministérios comuns são aqueles confiados a leigos ou através de um mandato, ou através de um simples reconhecimento “de fato”. Nestes casos, os leigos são chamados a expressar sua co-responsabilidade oficialmente. Isto acontece quando são chamados, pela autoridade ou pela comunidade eclesial:
- A participar de organismos representativos (conselho de pastoral);
- A assumir um serviço ou ministério determinado (catequese).
2. Este serviço pode ter dupla direção:
a) ou pode estar voltado mais para dentro, para a vida interna da própria comunidade
b) ou pode estar voltado mais para fora da comunidade eclesial, para a vida externa, mais eclesial (liturgia, catequese), a serviço do mundo, dos necessitados, dos que estão longe da Igreja (Comissão dos Direitos Humanos, ou EN 70).
3. Importância dos ministérios comuns para a pastoral vocacional.
“As vocações ao Sacerdócio… hão de manifestar-se como conseqüência da floração dos ministérios confiados aos leigos… “(Papa, Rio, 02/07/1980).
III – Vocação aos Ministérios “instituídos”
São apenas dois: Leitorato e Acolitato. Ambos estão relacionados com a celebração da Liturgia, especialmente da Missa.
1.5. IV – Vocação aos Ministérios Ordenados
1.5.1. Episcopado 1.5.2. Presbiterato
1.5.3. Diaconato
1.6. V – Vocação à Vida Consagrada
1. Vocação à Vida Religiosa
2. Vocação aos Institutos Seculares
3. Vocação à Consagração na Igreja Particular
VI – Vocação Missionária
1.7. Vocação pessoal e comunidade
2. Quadro geral das vocações na Igreja.
“O dom do Espírito torna atual e possível para todos o antigo mandato de Deus ao seu povo: «Sede santos, porque Eu, Javé, o vosso Deus, sou santo» (Lv 19, 2). Tornar-se santo parece uma meta árdua, reservada a pessoas inteiramente excepcionais, ou adequada a quem quer permanecer estranho à vida e à cultura da própria época. Pelo contrário, tornar-se santo é um dom e uma tarefa, arraigados no Batismo e na Confirmação, confiados a todos na Igreja e em todos os tempos. É dom e tarefa tanto dos leigos como dos religiosos e dos ministros sagrados, quer no setor particular quer no empenhamento público, na vida tanto das pessoas como das famílias e das comunidades. Todavia, no interior desta vocação comum que chama todos a conformar-se não ao mundo mas à vontade de Deus (Rm 12, 2), diversos são os estados de vida e multíplices são as vocações e as missões” (João Paulo II – XIII Dia Mundial da Juventude – 1998).
2.1. Na Igreja há muitas vocações. Essas muitas vocações costumam ser divididas de diversos modos e apresentadas de maneiras diferentes. Aqui iremos simplificar o “panorama” ou o “quadro geral” das vocações , dizendo que: na Igreja há quatro grandes vocações que se sobressaem e se distinguem de modo especial. Essas quatro vocações são:
1. a vocação laical (dos cristãos leigos)
2. a vocação aos ministérios ordenados (dos bispos, padres e diáconos)
3. a vocação religiosa (irmãs ou freiras e irmãos religiosos)
4. a vocação missionária (leigos, ministros ordenados ou religiosos e religiosas).
2.2. De que modo as quatro grandes vocações se distinguem umas das outras? As quatro grandes vocações na Igreja se distinguem umas das outras pela sua “função” ou “funcionalidade”, ou “tipo de serviço” a ser feito em favor da comunidade.
a) A vocação laical:
É a vocação dos “leigos” na Igreja.
A função ou funcionalidade da vocação laical está ligada e relacionada com as coisas desse mundo, com as coisas temporais, com as coisas dessa terra, com as coisas que passam.
O Concílio Vaticano II exprime esta função própria da vocação laical com as palavras índole secular”. “Índole” que significa: marca, característica, distintivo. “Secular”, que significa: aquilo que é deste mundo, aquilo que pertence ao mundo das criaturas terrenas, aquilo que é temporal, passageiro, que não é eterno. Assim, aquilo que distingue e é próprio da vocação do leigo são as coisas deste mundo, as coisas terrenas, as coisas temporais, as coisas que passam. E a vocação própria do leigo, isto é, sua função ou funcionalidade é a de “santificar” estas coisas temporais, passageiras, deste mundo terreno.
b) A vocação aos ministérios ordenados;
c) A vocação religiosa;
d) A vocação missionária;
É a vocação dos bispos, padres e diáconos.
É próprio dessa vocação o “ministério sagrado”. E esse ministério sagrado consiste em três serviços:
- O serviço da pregação da Palavra de Deus (ser profeta);
- O serviço da santificação, sobretudo através dos sacramentos (ser sacerdote, no sentido próprio da palavra);
- O serviço do pastoreio, sobretudo organizando, animando e conduzindo a comunidade eclesial (ser pastor).
É a vocação das religiosas (irmãs ou freiras) e dos religiosos (cristãos ou sacerdotes consagrados em congregações religiosas).
As religiosas e os religiosos já tinham sido consagrados a Deus pelo batismo. Mesmo assim, por um chamado especial, são consagrados a Deus de um “modo novo”, comprometendo-se a viver com três votos ou promessas:
- Na castidade consagrada: consagrando a sua pessoa a Deus somente, no celibato e renunciando, assim, a consagrar-se a uma pessoa humana, no matrimônio;
- Na pobreza evangélica: deixando de por sua confiança e esperança nos bens terrenos e pondo-os a serviço dos irmãos;
- Na obediência apostólica; renunciando à sua vontade própria, a fim de buscar fazer sempre e em tudo só a vontade de Deus.
A “função” ou “serviço” próprios dos religiosos é mostrar, pelo exemplo, que só o espí-rito das bem-aventuranças do Evangelho é capaz de transformar o mundo (LG 31/777). É também “função” dos religiosos serem “sinal” capaz de atrair e animar os cristãos a cumprir com alegria e dedicação os compromissos da vocação cristã (LG 44/119). É a vocação das pessoas que se ocupam:
- Em levar e anunciar Jesus e seu Evangelho onde eles ainda não chegaram;
- Em organizar a comunidade eclesial, onde ela ainda não existe.
Quem pode ser missionário? Podem ser missionários tanto os leigos como os ministros ordenados (padres, bispos, diáconos), como também os religiosos e as religiosas. As quatro grandes vocações na Igreja, quando existem juntas, colaboram, cada uma a seu modo, para o bem de toda a Igreja e para a implantação do Reino de Deus no mundo (veja 1Cor 12).
2.3. É importante entender que cada uma das quatro grandes vocações contém em si outras vocações, como “subvocações”. Assim:
a) Dentro da vocação aos “ministérios ordenados”, existem três graus de vocação:
- A vocação episcopal (bispo);
- A vocação presbiteral (padre);
- Avocação diaconal (diácono);
(ver Lumen Gentium Cap. III, do Concílio Vaticano II).
b) Dentro da vocação “religiosa”, existem as mais variadas formas de vida religiosa:
- Vida contemplativa;
- Vida ativa;
- Vida mista (contemplativa e ativa);
(ver Perfectae Caritatis, do Concílio Vaticano II).
c) Dentro da vocação “missionária”, existem as mais variadas formas de ser missionário:
- Missionários leigos;
- Missionários religiosos e religiosas;
- Missionários padres;
(ver Ad Gentes, documento do Concílio Vaticano II).
d) Dentro da vocação “laical” existem sobretudo três outras vocações:
- A vocação matrimonial. Desta vocação nos falam, por exemplo, Jesus (Mt 19,1-12), o apóstolo Paulo (Cor 7) e, ultimamente ainda, o papa João Paulo II, na encíclica “Sobre a Família Cristã) (Familiares Consortium). Fique claro, portanto, que a vocação matrimonial é uma das modalidades de se viver a vocação laical. É um estado de vida.
- A vocação de consagrados no mundo. Fala desta vocação o documento do Papa Pio XII que oficializa na Igreja os “institutos seculares”, isto é, as organizações de leigos consagrados, que vivem no mundo, e não em conventos, ou comunidades religiosas. São verdadeiros “leigos”, mas leigos “consagrados”, atuando como cristãos, nos ambientes do mundo, nos quais vivem e trabalham.
- A vocação de solteiros. São as pessoas que se sentem chamadas a viver como cristãos leigos, não se sentindo chamadas nem para o matrimônio, nem para a vida religiosa e nem para algum ministério ordenado (sacerdócio ou diaconato). (ver 1Cor 7).